A saúde mental já não é apenas um tema de bem-estar: tornou-se questão de economia e regulação. Em 2024, o Brasil registrou 472.328 afastamentos de trabalhadores por transtornos mentais, segundo o Ministério da Previdência Social – um aumento de 68% em relação a 2023, consolidando o maior número da última década.
O impacto direto recai sobre empresas e cofres públicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que transtornos como depressão e ansiedade custam US$ 1 trilhão por ano à economia global em perda de produtividade. No Brasil, a Previdência desembolsou bilhões em auxílios-doença relacionados à saúde mental apenas em 2024, em um cenário de crescimento constante desde a pandemia.
Entre as causas mais frequentes estão a ansiedade, responsável por 141 mil afastamentos em 2024, alta de 341% em dez anos, e a depressão, com 113 mil casos, crescimento de 91% no período. O burnout, classificado em 2022 como doença ocupacional pela OMS, também avança como fator de risco.
Foi nesse contexto que o Ministério do Trabalho e Emprego atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), incluindo pela primeira vez a exigência de mapeamento e gerenciamento de riscos psicossociais nos Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso significa que, a partir de 2026, empresas de todos os setores deverão documentar e agir sobre fatores como estresse, assédio moral, sobrecarga de trabalho, violência psicológica e má gestão organizacional.
A norma entrou em vigor em maio de 2025, mas o governo estabeleceu um período de adaptação: a fiscalização só terá início em maio de 2026, em caráter educativo até lá. Para especialistas, esse intervalo é uma oportunidade estratégica – e também um risco. Quem não se preparar poderá enfrentar multas, passivos trabalhistas e perda de competitividade.
Solução prática e econômica
Nesse cenário, cresce o interesse por soluções que conciliem custo-benefício e escala. A terapia online é apontada como alternativa concreta para reduzir afastamentos, cumprir a norma e, sobretudo, melhorar resultados.
A Unolife, plataforma brasileira de psicoterapia digital, já realizou mais de 21 mil atendimentos desde 2020 e oferece planos corporativos a partir de R$ 7,90 por vida. Para o CFO Weber Stival, a estratégia vai além da legislação: “Mais do que cumprir a norma, disponibilizar terapia online reduz afastamentos e melhora os resultados da empresa. É investimento em saúde e em performance.”
A cofundadora e psicóloga Caroline S. Macarini reforça: “Não basta proteger apenas contra riscos físicos. É preciso cuidar também do impacto emocional do ambiente de trabalho, e a tecnologia pode ser a ponte para isso.”
O CTO Felipe Rezende destaca a segurança digital: “Desde o primeiro código pensamos em como criar um sistema simples e confiável. As sessões são criptografadas e exclusivas, garantindo ao colaborador um espaço protegido de escuta.”
Dados que respaldam o modelo
Estudos acadêmicos reforçam a adesão ao formato digital. Pesquisadores da UFRGS observaram que a taxa de abandono caiu de 37% no presencial para apenas 6% no online, com melhora significativa nos sintomas de ansiedade. Internamente, a Unolife aponta que 91% dos pacientes relatam evolução clínica positiva após iniciar o acompanhamento.
O retorno financeiro também é expressivo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que cada 1 dólar investido em saúde mental gera 4 dólares em produtividade. No Brasil, isso pode significar bilhões de reais economizados anualmente em custos previdenciários e empresariais.
Pressão sobre empresas
Advogados trabalhistas alertam que, com a atualização da NR-1, riscos psicossociais entram definitivamente no radar da fiscalização e das disputas judiciais. Ou seja, companhias que não se adequarem correm o risco de sofrer sanções e ações por negligência. Além disso, em um mercado cada vez mais competitivo, políticas de saúde mental se tornam diferencial na atração e retenção de talentos.